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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O pior palavrão do mundo


Por Renato Vargens

Basta alguém defender as Escrituras Sagradas como única e exclusiva regra de fé, que alguém imediatamente grita em alta voz: “Seu fundamentalista miserável”

Pois é, para alguns a palavra FUNDAMENTALISTA é o pior palavrão que existe, e usá-la significa proferir o pior tipo de ofensa do mundo.

Se alguém combate a relativização do pecado é fundamentalista.
Se defende as doutrinas fundamentais das Escrituras é fundamentalista burro.
Se acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus, é fundamentalista ultrapassado.
Se luta pela família e pelo casamento é fundamentalista “imbecilizado”.
Se defende a igreja e sã doutrina é fundamentalista “satanizado”.
Se expõe as Escrituras em vez de divertir o povo é fundamentalista “idiotizado”.
Se combate o maniqueísmo neopentecostal é fundamentalista manipulado.
Se não adere aos modismos do movimento gospel é fundamentalista gelado.
Se combate o o sexo antes do casamento é fundamentalista bitolado.
Se combate as heresias dos falsos apostólos é fundamentalista amaldiçoado.
Se acredita na volta de Cristo é fundamentalista “despoetizado”.
Se prega a necessidade do arrependimento de pecados é fundamentalista mal intencionado.

***
Renato Vargens,

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Socorro! Sou viciado em pornografia

As últimas brasas da fogueira já estavam quase apagadas. As etiquetas nas garrafas estavam danificadas, depois de dias expostas ao sol. Os que haviam acampado perto de minha barraca já estavam longe há algum tempo. Meu amigo e eu pegamos as coisas que estavam para trás. Ficou apenas um CD de hip-hop. Tínhamos algumas malas e garrafas vazias. Além de uma revista.

Sua capa estava molhada e irreconhecível. Eu a abri com um pedaço de pau. Havia orvalho naquele dia e as páginas da revista também estavam molhadas. Naquele momento eu vi uma mulher. Ela estava com seus seios descobertos.

Desde meus sete anos tenho fugido. Quero dizer, meninas eram “problemáticas”. Elas eram indesejáveis. Tinham alguma coisa que desejávamos, mas não sabíamos dizer o que, já que nunca as alcançávamos. Eu ainda me lembro daquela cena. Eu estava ao mesmo tempo empolgado e receoso. Eu não conseguia entender a razão, mas sabia que ninguém deveria me ver olhando aquela revista.

De uma coisa eu sabia: eu queria mais.

Alguns anos depois eu tive minha chance. Dessa vez eu não fugi. Eu tinha treze anos e estava na casa do meu amigo Tyler (nome fictício). Ele era meu único amigo com acesso à internet. Quase todos os dias nós jogávamos no computador por horas.

Certo dia, eu cliquei em um ícone que pensei ser um jogo; tudo mudou em nossa vida. Não era um jogo, mas um vídeo. Nossa primeira reação foi cair na gargalhada com as lentas imagens daquelas mulheres. Era uma gargalhada do tipo “desligue isso; é tão ridículo”. Contudo, nós não desligamos. Assistimos ao vídeo e, então, eu fui para casa.

Tyler continuou procurando por vídeos daquela natureza e me mostrou o que havia encontrado. Dessa vez, eu não fugi. Não queria continuar olhando, mas eu continuei. Estava hipnotizado.

Com o tempo, ficar olhando, juntos, aquela nudez na internet causava-nos estranheza e desconforto. Por isso, Tyler e eu preferimos nos dedicar ao pornô solo. Tyler continuou a fazer download de tudo o que podia. Dos vídeos mais leves aos mais pesados. Eu, àquela altura, estava dividido entre o prazer de ver aquelas cenas e a culpa que carregava dentro de mim pelo que estava a fazer. Em alguns dias eu estava forte, e resistia. Em outros, eu parecia um viciado em pornô, desesperado para achar uma imagem. Apesar disso, eu nunca comprei ou fiz download de um filme pornô. Era um garoto nascido na igreja, em uma cidade pequena. Todos me reconheceriam se descobrissem quem estava comprando aqueles vídeos. Além disso, eu não tinha computador em casa. Ao invés de comprar pornô, eu comecei a roubá-los.

Eu vasculhava as casas de meus amigos para ver se os pais deles tinham alguma revista Playboy. Quando não achava, as roubava de lojas de conveniência. Não muitas; apenas três ou quatro em alguns anos. De qualquer jeito, eu fiz.

Página por página eu ficava imaginando se aquilo poderia ser real para mim. Sei que é constrangedor dizer isso, mas aquelas mulheres pareciam me fazer sentir amado. Meus olhos desejavam aqueles corpos e faziam sentir-me um homem. Por um momento, eu me senti amado, desejado.

Eu me sentia perto de alguém, e não me incomodava o fato de aquele alguém não ser real. Para mim era muito real.

Entretanto, aqueles momentos de plenitude passavam. Sempre. O prazer fracassava. Em pouco tempo eu era tomado por um sentimento de remorso e culpa. Sentia-me a milhões de quilômetros da bondade e a bilhões de anos luz de Deus. Eu sempre pensava naquela primeira foto de mulher pelada que eu vi, na minha infância. Achava que Deus estava com um bastão em sua mão, me punindo à distância e me mostrando que não tínhamos nada em comum.

Sabia que aquilo não era verdade. Eu era um cristão. Sabia que Deus me via perfeito e amável, assim como via seu próprio Filho. Conhecia todas aquelas coisas. Amor. Graça. Perdão.

Contudo, eu não experimentava tais coisas em minha vida. Pior! Eu crescia cada vez mais frustrado comigo mesmo. Eu havia prometido para mim mesmo que eu não me incomodaria mais com aquilo, só para repetir meus erros.

Tyler não estava nada melhor. Ele começou a achar impossível crer em um Deus que o impediria de assistir seus vídeos pornôs. Sem Deus em sua mente, ele se convenceu de que pornô era apenas diversão. De que forma uma diversão pode machucar alguém? Tendo decidido que pornografia não é ruim, ele decidiu que aquilo seria algo útil para sua vida. Ele fez uma assinatura da revista Playboy e começou a comprar todos os seus vídeos.

Perceber o que estava acontecendo com o Tyler foi uma forma de me despertar. Eu sabia que estava fadado ao mesmo destino. Por isso, pedi ajuda. Certo dia, estava conversando com um amigo que é um bom cristão. Sem vergonha, disse tudo o que estava acontecendo a ele. Disse que se pudesse assistir a um filme pornô de graça, sem ser acusado por minha consciência, eu o faria. Pedi ajuda a ele e nós oramos juntos.

Para minha surpresa, meu amigo me disse que tinha o mesmo problema. Na verdade, a maioria dos meus amigos tinha. Pedimos a uma pessoa mais velha de nossa igreja para se encontrar conosco uma vez por semana e nos ajudar. Aquele homem não tinha nenhuma sabedoria mágica ou força sobrenatural para nos ajudar contra a pornografia. Contudo, ele nos ouviu, aconselhou e orou conosco. Ele se tornou um cuidadoso mentor para todos nós. A primeira coisa que ele nos mostrou foi que não estávamos sozinhos naquilo, não éramos os únicos a enfrentar aquele problema e tampouco éramos loucos.

Quando me encontrei com meu grupo, vi que minha vida precisava mudar. Muitas daquelas mudanças ainda se aplicam em minha realidade hoje. Primeira lição: Corra! “Voe”, dizia nosso mentor. “Alcoólatras devem atravessar a rua para fugir de uma garrafa de bebida”. Em meu caso, isso significa que não posso entrar sozinho em uma banca de jornal, ou usar sozinho um computador sem filtros de internet.

Preciso limitar as oportunidades que dou para a tentação. Tenho que criar um espaço que me distancie da pornografia. Não posso ter catálogos em minha casa. Não posso me dar o direito de assistir TV sozinho. Mesmo com filtros na internet, não uso o computador se não tiver outra pessoa em casa. Essas restrições me aborrecem algumas vezes. Todavia, elas me ajudam demais.

A segunda coisa que aprendi foi a perguntar: Como posso aprofundar meu desejo por Deus e esquecer-me dessas coisas que me fazem pecar? Alguém me disse, certa vez, que há dois cachorros no quintal do meu coração. Um cachorro cava egoísmo, pecado e prazer. O outro cachorro cava justiça, misericórdia, paz e obediência a Deus. Quando acordo todas as manhãs, escolho qual cachorro pretendo alimentar. O que eu alimento cresce até o outro não poder mais ser visto.

Preciso alimentar o cachorro correto. Faço isso quando cultivo relacionamentos honestos com cristãos. Tenho um amigo com quem converso de forma particular diariamente. Falamos abertamente sobre sexo, pecado e tudo o que nos leva a pecar. Juntos, nós buscamos formas de evitar o pecado. Nós oramos, choramos, nos ensinamos, nos deixamos aprender.

Eu também alimento o cachorro correto ao estudar a Bíblia em grupo. Não apenas a leio. Escrevo o que aprendi e o que desejo fazer com aquilo. Passo um tempo em silêncio, esperando para ver o que Deus falará comigo. Eu oro, adoro, sirvo outras pessoas.

Na maior parte das vezes, o cachorro bom prevalece. Aquele terrível monstro está tão sufocado agora que nem o vejo com tanta frequência. Contudo, de vez em quando ele aparece. Começa a latir e logo me vejo na direção errada. Ele late muito alto, quando não tomo cuidado em resistir às tentações. Então eu fujo. O deixo esquecido, ignorado.

Além disso, eu oro: “Deus, me ajude a fazer hoje o que é certo. Ajude o Tyler também. Livra-nos da pornografia e leve-nos próximos da perfeição. Faça-nos amar mais ao Senhor do que a nós mesmos e nos cerque com pessoas que nos façam lembrar que tu nos amas mesmo quando erramos. Cerque-nos com amigos e nos dê uma igreja que nos ajude a viver em santidade. Mate o cão mau e alimente o bom. Amém!”

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Copyright © 2008 por Christianity Today International (Traduzido por Daniel Leite Guanaes). Fonte: SexxxChurch

Augustus Nicodemus fala sobre neopentecostalismo e o futuro das igrejas evangélicas


Augustus Nicodemus Gomes Lopes é ministro presbiteriano, teólogo calvinista, professor e escritor natural da Paraíba. Desde 2003 atua como representante do Instituto Presbiteriano Mackenzie na Universidade Presbiteriana Mackenzie, exercendo a função de chanceler dessa instituição.

ENFOQUE Como o senhor analisa hoje o cenário evangélico brasileiro?

Augustus: Vivemos um momento de grandes mudanças no cenário brasileiro evangélico, mudanças que começaram a ser gestadas quando as igrejas evangélicas em décadas passadas passaram a abandonar o referencial da Reforma protestante, o referencial da própria Escritura Sagrada, a Bíblia, e passaram a se entender como um movimento voltado para a satisfação das necessidades imediatas e materiais dos seus aderentes e a aferir o sucesso espiritual pela prosperidade material. As igrejas neopentecostais continuam a crescer e continuam a não ter rumo teológico algum, escandalizando cada vez mais a opinião pública, envergonhando os evangélicos com práticas e costumes bizarros e estranhos, e com escândalos que ganham a mídia e que revelam os intestinos dessas igrejas. Espanta-me o fato que a teologia da prosperidade continua crescendo apesar de tudo.

Mas, não é somente isso. Hoje, as igrejas evangélicas pentecostais tradicionais correm o risco de ser minadas pelo liberalismo teológico, através dos obreiros e pastores que vão buscar um diploma de teologia reconhecido pelo MEC em universidades públicas e seminários dominados pelo velho liberalismo teológico. Não há nada errado em almejar um diploma desses, mas é que as instituições credenciadas para emiti-los usam o chamado “método científico” para estudar a Bíblia, método esse que parte do pressuposto que ela é simplesmente um livro religioso e não a infalível Palavra de Deus.

As igrejas históricas continuam pequenas e sem muito poder de fogo no cenário nacional, embora sejam elas que estejam fornecendo os professores de seminários onde os demais evangélicos vão buscar diplomas reconhecidos. São elas, também, que estão na linha de frente provendo informações e estudos sobre as questões éticas que estão sendo debatidas hoje no Brasil, como, por exemplo, a lei da homofobia. Algumas dessas denominações tradicionais estão totalmente divididas internamente entre conservadores, pentecostais e liberais, que lutam por tomar o controle dessas denominações.

Em outras palavras, não vejo o atual cenário brasileiro evangélico com muito otimismo, embora recentemente tenham acontecido algumas coisas que sugerem que nem tudo está perdido. Uma denominação histórica que estava muito minada por pastores e professores de teologia liberais deu uma reviravolta e cortou toda e qualquer relação com organismos ecumênicos que envolvam o catolicismo. Para muitos foi um retrocesso, para mim, um avanço. Percebo igualmente um aumento do interesse de muitos, especialmente dos pentecostais, pela teologia reformada, pela teologia conservadora séria, erudita e pastoral, que traz um misto de profundidade e piedade. Cresce bastante o mercado de livros evangélicos com boa teologia e boa prática. Isso traz alguma esperança.

ENFOQUE: As igrejas históricas estão conseguindo sobreviver aos furos das neopentecostais?

Augustus: Em parte. Por um lado, o neopentecostalismo é tão obviamente antibíblico que a tarefa dos pastores e líderes das igrejas tradicionais fica mais fácil. Seria mais difícil se o neopentecostalismo fosse mais sutil, mais sofisticado. Mas, é um movimento de massas, levado avante no grito, na centralização do poder nas mãos de pseudo-bispos e apóstolos que manipulam as massas usando a Bíblia como pretexto para recolher milhões e milhões de reais. Não é difícil para qualquer pessoa um pouco mais esperta desconfiar do que realmente está acontecendo.

Por outro lado, o apelo que o neopentecostalismo faz à alma católica dos evangélicos é muito grande: objetos ungidos, relíquias, líderes apostólicos, prosperidades, milagres físicos – tudo herança do catolicismo na mentalidade brasileira. Mas, muitas igrejas tradicionais já estudaram o assunto e já tomaram posição sobre ele. A Igreja Presbiteriana do Brasil, por exemplo, tem veiculado cartas pastorais que instruem seus membros sobre o movimento G-12, as práticas da Universal do Reino de Deus, coreografia e dança litúrgica, para mencionar alguns. Isso ajuda os membros e pastores presbiterianos a ficarem firmes contra essas práticas.

ENFOQUE: Na sua opinião, qual será o futuro da Igreja Evangélica Brasileira?

Augustus: Como alguém já disse, “é muito difícil profetizar sobre o futuro”. O presente sugere que esse futuro não é róseo. O crescimento vertiginoso entre os evangélicos do pragmatismo, o relativismo, o liberalismo, a libertinagem, associado à desorganização e à fragmentação do movimento evangélico só pode pressagiar dias maus pela frente, a menos que Deus tenha misericórdia de Sua Igreja e intervenha de forma poderosa, como já fez várias vezes no passado.

O que mais me preocupa quanto ao futuro é que os evangélicos estão cada vez mais achando que os valores morais e doutrinários são relativos e cada vez mais abandonando o conceito de verdades absolutas e permanentes. Essa tendência é o resultado óbvio da influência do relativismo que permeia a cultura brasileira.

Uma amostragem do relativismo, que desemboca na libertinagem, pode ser encontrada em blogs, comunidades no Orkut e sites evangélicos na internet. Há comunidades evangélicas no Orkut, por exemplo, onde o sexo entre os jovens cristãos antes do casamento é defendido como se fosse absolutamente normal. Os jovens são expostos a todo tipo de doutrinação sem ter o acompanhamento de seus pastores e líderes, que via de regra não estão familiarizados com essa forma de comunicação ou não têm tempo. Pais e líderes evangélicos ficariam abismados se entrassem nessas comunidades. Por um lado, os jovens evangélicos são hoje muito mais bem informados e críticos que os de gerações anteriores. Por outro lado, receio que uma nova geração de evangélicos está se formando, em que pese o alcance ainda bastante limitado desses meios de comunicação, que verá com naturalidade a relativização dos valores morais e dos pontos doutrinários basilares do Cristianismo, com trágicos resultados para a fé e o testemunho cristãos.